domingo, 22 de novembro de 2009

MINHAS MEMÓRIAS

Pensar no passado é sentir saudades de um tempo maravilhoso vivido no interior, longe das agitações da cidade, a inocência de quem acreditava nas histórias criadas e narradas pelo pai, todas as noites antes de dormir... colo, abraços, risos, histórias de vários gêneros, lendas, aventuras, suspense, terror... durante a narrativa, conforme aumentava o medo, mais eu agarrava o pescoço do pai, enquanto isso a mãe organizava os afazeres da casa, não tínhamos TV, por isso talvez, as noites eram tão divertidas e de muitas conversas.

Não me lembro de livros de literatura infantil, porém nossa imaginação viajava muito para criarmos nossos brinquedos, nossas histórias.

Apesar de o baixo poder aquisitivo, sempre tivemos as condições necessárias para frequentar a escola.

O suspense do novo, a valorização do aprender; o cuidado com a cartilha, os cadernos, os lápis novos, coloridos... a certeza de um futuro próspero a partir dos conhecimentos adquiridos na escola, realmente tudo isso tinha uma significado maior, a construção do SER.

Pensar nas distâncias, até a escola, nas estradas precárias, no alto custo das passagens e das mensalidades elevadas é constatar que realmente sabíamos o que queríamos.

Tudo mudou muito rápido, hoje temos gratuidade do transporte e da escola para todos, embora não se percebe a importância disso por parte da maioria dos estudantes... Às vezes penso que quando temos muitas facilidades tornamos tudo banal, sem importância.

O ensino médio foi o passo decisivo para a realização do sonho, iniciei o magistério com a estima no máximo, pois estava acontecendo o que mais queria.

Colégio particular, dificuldades financeiras, pois até nos dias atuais sabemos que não é tão fácil manter todas as exigências dessas instituições.
Em relação aos conteúdos, lembro que era muito exigido, precisava estudar muito, fazer muitos trabalhos, estudar as fases do desenvolvimento do ser humano, as ciências exatas, porém a parte que mais gostava era as didáticas, as disciplinas que mais aproximavam a esperança da prática.

O momento da prática chegou... imaturidade, ingenuidade, dificuldades de domínio, professora regente que só criticava para destruir e não para construir ou auxiliar, todos os passos da aula detalhados, a cobrança para fazer melhor, do diferente, do divertido sem segurança... Pensei que fosse desistir, mas o querer, a insistência a humildade e a força interior e divina possibilitaram a conquista do primeiro passo.

Isso não era o suficiente, precisava espaço no mercado, então o concurso, a nomeação a regência... Escola do interior multiseriada, precisava atender as quatro séries, a documentação da secretaria, a merenda, a limpeza, os pais e principalmente a aprendizagem dos alunos. Quanta aprendizagem...

Não tínhamos telefone, como tirar dúvidas? Nos encontros mensais com as supervisoras da SMEC, porém, um salário adequado, seis mínimos para 20hs e sem graduação. Os pais muito legais, compreensivos, parceiros, empenhados, dedicados...

Com o passar do tempo senti a necessidade de buscar novos conhecimentos, aperfeiçoamento, aprofundamento... a graduação em Letras.

Foram quatro anos de esforços em todos os sentidos e ao mesmo tempo de completa realização do meu EU, e da aplicação das teorias estudadas, nas práticas da sala de aula. Isso é que realmente impulsiona a vida de quem faz o que gosta e se realiza profissionalmente por estar constantemente ligada às letras, ao conhecimento, aos saberes e aos fazeres.

Sempre quis ser professora, e entendo que nasci para essa função, gosto do que faço e procuro adequar a minha prática aos diferentes grupos de alunos que ano após ano,a mim são confiados. É através de histórias que inicio o vínculo com meus alunos, contando e ouvindo, demonstrando que não detenho todo o conhecimento e que aprendemos sempre.

Trabalhar na área da Educação implica conhecer além da prática docente, é necessário enfrentar desafios, e um desse foi trabalhar na coordenação das séries iniciais.

O novo exige aprendizagem, dedicação e esforço, porém foi uma experiência maravilhosa, pois trabalhar vendo o fazer pedagógico de um outro ângulo permite-nos refletir e crescer, foi então que constatei na prática, o que já sabia. O trabalho fora da sala de aula é difícil e pouco valorizado, pois é preciso “organizar” “acomodar” as diferenças, as dificuldades, não só dos alunos, mas sim de todos que fazem parte da comunidade escolar, para isso, era necessário mais informações, uma formação específica, daí então o curso de Pós Graduação na Área de Gestão Escolar em um curso de EAD.

Outro grande desafio, familiarizar-se com a Tecnologia, com o uso freqüente da Internet, não poder sanar as dúvidas pessoalmente, mas quem pensa ser fácil, engana-se, pois é preciso muita dedicação e estudo em dobro, busca de soluções para as dificuldades, porém um crescimento pessoal e cultural, considerável . Mais uma etapa vencida.

Mudança de governo, substituição da coordenação, retorno para a docência somente nas séries finais do Ensino Fundamental.

Outra novidade, outro desafio, coordenar a formação continuada do Gestar II da Língua Portuguesa...

E depois o que virá?

2 comentários:

  1. As lembranças, memórias de nossa vida, nos fazem ver como a vida é bela e ainda pode ser!!!
    Lindo depoimento de vida!!!
    Sou sua fã!!

    T amo

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  2. Ola!achei seu blog por ai! apesar de Horizontina ter poucas páginas pessoais, eu-lhe encontrei, achei magnifica a sua história, sua dedicação e principalmente sua alegria e entusiasmo, quando você fala da sua familia e seus sonhos.
    Visite meu Blog:

    http://ideiasecriticasdavidahoje.blogspot.com/

    Abrç...

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