sábado, 16 de janeiro de 2010

Foram tantas as minhas leituras de mundo...

Lembro-me que ficava ansiosa esperando a visita de minha avó na esquina de nossa casa. Ela vinha de mãozinha comigo, apertando minha mão de forma tão especial que até hoje tenho a felicidade de pedir para ela fazer em mim, estando ela com 92 anos.
Ah ! Que triste foi a decepção que o Papai Noel não era um ser especial enviado do além mas sim o meu padrinho que depositou os brinquedos na área da frente da sua casa, e eu lá de longe na nossa casa, descobri que o Papai Noel era gente como a gente. E aí os presentes não tiveram a emoção que eu tanto sonhava.
E as férias longas e os finais de semana na fazenda com toda a família reunida, com as brincadeiras nas grandes raízes dos pés de umbus, passeios a cavalo puxados pelo meu avô. Ficar olhando as nuvens formarem desenhos, e eu deitada em um balanço feito de ripas largas, uma a uma fixadas com arames nas bordas suspensas em duas árvores. Era para mim o verdadeiro paraíso, principalmente quando estas árvores estavam carregadas de ameixinhas amarelas, o caroço era jogado para o alto sem compromisso, livre de qualquer limitação, era a mais pura sensação de liberdade que já presenciei.
A expectativa da volta das viagens de meu pai, que ia pelos interiores do município com sua “Rural”, vender ração e sal mineral para os animais criados pelos colonos e voltar depois de três a quatro dias trazendo frutas diferentes que eram farturas naquelas propriedades: uva, morango, jabuticaba, marmelo, doce de laranja azeda, pêssegos, figos e junto com estes regalos as suas histórias de bravuras em dias de chuva em estradas difíceis. A alegria das descobertas de mais uma família que ele conhecia e conquistava. Era uma recepção por onde retornava.
E as histórias de meu avô então! Cochilava ouvindo suas histórias e acordava com o pescoço doído e ele ainda tinha repertório para seus ouvintes, rindo muito de suas façanhas. Eu até hoje não sei se eram reais ou inventadas. E as comidas gostosas de minha avó. Todos os domingos eram sagrados: arroz de forno, salada de maionese, língua ensopada, carne de galinha recheada e assada no forninho do fogão a lenha. Era a melhor comida que alguém podia comer. E a garrafinha de refrigerante frisante polar que minha avó e eu dividíamos igualmente com duas barras de gelo em cada copo e tomávamos na sombra de um cinamomo nas tardes de verão, olhando o movimento da estação rodoviária da cidade localizada em frente a casa de meus avós em Palmeira das Missões. Quando estava frio tomávamos mate de leite ou mate doce com açúcar queimado na brasa, acompanhado das famosas balas “soft”. Compartilhando com meus avós verdadeiras aulas de divisão e multiplicação de amor.
Minha mãe fazia tudo, tinha tempo para tudo, pois não conheci e não conheço pessoa mais disposta, disponível e trabalhadeira que nem ela. O que mais ouvi dela quando criança: “na outra geração quero ser homem”, primeiras noções de direitos de igualdade que ali nascia e eu nem percebia. Jurava para mim mesma que eu não seria que nem ela, eu iria estudar e não depender de marido e poder pagar alguém para dividir as tarefas do lar e também poder um dia almoçar na churrascaria dos pais de minha amiga quando quisesse. Isto não era possível nem no dia das mães, já que a minha família era composta de meus pais, três irmãos e eu, sendo um luxo para a época.
As primeiras leituras das palavras foi na Escola Vila Velha com a cartilha: “Caminhos Suaves ”, livro: “Nossa terra, nossa gente” e as revistas: “Sétimo Céu” e “Rainha”, que haviam na minha madrinha e nas minhas tias, irmãs de meu pai. Depois de trinta anos descobri que estas revistas que eram lidas pela filha de minha madrinha, eram doadas por uma amiga de meu marido, que hoje é a sua dentista na cidade onde moramos (Horizontina). Pois estas eram fotonovelas (histórias de amor) e também contavam a vida dos artistas o que não eram recomendadas para a maioria das “moças de família”. Além de ser fã de fotonovelas, as novelas também faziam parte da minha vida. Comecei junto com as primeiras novelas da Rede Globo. Posso dizer que quase faço parte dos quarenta e cinco anos da Rede Globo. Assistia televisão na casa de uma vizinha que morava na frente de minha casa, que era a única que tinha televisão na vila, pois o marido caminhoneiro desta vizinha tinha dado a TV de presente como seu passa-tempo. Televisão nós tivemos em casa quando a princesa Daine casou com o príncipe Charles. Eu tinha quatorze anos quando meu pai comprou uma TV preta e branca (Telefunk). Minha mãe instalou-a num galpão afastado da casa (avanço), para não atrapalhar o ritmo da casa, pois todos deveriam dormir cedo, não ficarem sozinhos e nem atrapalhar os estudos.
O meu programa favorito nas tardes de domingo, depois do almoço na casa dos avós, era ir ao matiné do cinema com um dos meus irmãos e levar os “gibis” para serem trocados e assim serem sucessivamente trocados no outro domingo, favorecendo a leitura de novas aventuras: Zorro, Luluzinha, Tio Patinhas, Pato Donald, Zé Carioca e Fantasma.
Nunca esquecerei de um livro que meu pai ganhou de brinde em um posto de gasolina onde ele sempre abastecia. O livro tinha como histórias: “As aventuras do avião vermelho, Rosa Maria e o castelo encantado e Os três porquinhos” do escritor Érico Veríssimo. Foi o melhor livro que li na minha infância.
E para finalizar não posso deixar de mencionar as histórias de fantoches que minha professora do jardim de infância apresentava para nós. Eram as primeiras lições de fantasia, encanto, otimismo e criatividade que alguém pode ter. Somando, multiplicando e dividindo todas estas histórias de vida cheias de amor, compartilhando esses sentimentos de alegria com todas as pessoas que eu convivo.


Memorial da professora Rosangela Maria Camargo Quedi
Cursista do GESTAR II do Município de Horizontina RS

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

16º Encontro
ARTE E REPRESENTAÇÃO

Empolgada com a prática pedagógica, a professora Ivete Feix envolveu o grupo na leitura deleite da história “A galinha que criava um Ratinho” de Ana Maria Machado
A equipe de coordenação da SMEC apresentou-nos algumas obras da autora Rosana Rios que estará presente na FEITHEC (Feira Internacional de Tecnologia e 8ª MAPIC- Mostra Agropecuária, Industrial e Comercial de Horizontina - RS) onde os alunos terão oportunidade de ouvir, ver e apresentar os trabalhos realizados em aulas, quando acontecerá também o lançamento do livro “Especificidades do Docente”, elaborado a partir do 1º seminário de qualificação dos professores municipais e do livro “ Histórias de Lobo” elaborado pelos alunos do 2º Ano da Escola M. Ens. F. Bela União juntamente com a professora Alice Bessel, apresentando algumas das práticas realizadas nas escolas municipais que consideram a Educação, a porta principal da construção da cidadania.
Em seguida tivemos a apresentação de alguns memoriais, tomados de emoções e reflexões... Um momento fantástico, maravilhoso, que só é capaz de entender quem um dia vivenciou essa atividade.
Relacionando o estudo das Unidades 7 e 8 do TP2, que tratam da Arte e a Linguagem figurada com os memoriais, destacamos a grandiosidade dos efeitos das atividades relacionadas com as várias formas em que a arte se apresenta, as diferentes leituras possíveis que são riquíssimas para o desenvolvimento das mais variadas atividades de aprendizagem, em todas as áreas de estudo.
Para confirmar essas teorias dessas Unidades, o grupo planejou várias práticas que serão desenvolvidas e analisadas nas diferentes turmas.